
O Clube Recreativo Escola de Samba Gato Preto, é uma agremiação de grande importância na cidade de Prados.
A agremiação tem suas origens na década de 1930, mais exatamente em 1934. Ali nascia um bloco de carnaval, que se tornaria escola de samba, mas também se tornaria clube, time de futebol, e por que não, uma nação azul e branca, parte fundamental da vida cultural da cidade daí por diante.
Em, 1926, existia em Prados um carnaval de rua que desfilava pela cidade, partindo de frente da casa do Dr. Patrício (casa do Ademar Campos) até o Patamar (em frente a casa do Mamede). Em frente a Rua Marejor Reginaldo Silva, havia uma praça onde a banda fazia as retretas relativas ao carnaval, em frente a casa do antigo prefeito Paulo Vale.
Em 1927, houve um cordão que desfilou na avenida principal, que se chamava Bloco da Interrogação, e que conservou por vários anos este nome. Na esquina, onde é a atual sede da Lira Ceciliana, havia um coreto onde os foliões realizavam chorinhos com músicas carnavalescas da época.
Uns dois anos depois, os blocos passaram a desfilar da ponte do Totiquinho até a casa da Lica. Nesta época já existia um coreto perto da ponte, onde todos os domingos se faziam retretas. Os bailes carnavalescos aconteciam na casa da Câmara e a festa era animada, porém, quando muito tarde, acabavam por volta da meia noite. Esta festa carnavalesca continuou até 1930.
Em 1931, a sociedade reuni-se para fundar o Pradense Clube. Sendo inaugurado provisoriamente em 1932, no fórum local (atualmente Casa do Zé Café), nascendo neste mesmo ano o bloco primitivo do Gato Preto. O nome foi dado por Zé Tatá, João Américo e outros, tinha como cores básicas o preto e o branco. Nesse ano teve como porta-estandarte, a Sra. Violeta Campos e rainha, a Sra. Maria das Dores Trindade Ferreira. (D. Lica), e no ano seguinte teve como porta-estandarte, a Sra. Augusta Fonseca.
No ano de 1933, surgiu o Bloco do Periquito e em 1934, o carnaval contou com seis blocos animados: Gato Preto (Bloco do Clube Pradense), Periquito, Prazer das Morenas (Bloco de Pinheiro Chagas), União, e ainda Repentino e Rancho das Borboletas.
Em 1934, o Bloco do Gato Preto convidou o bloco de Pinheiro Chagas, “Prazeres das Morenas” para vir desfilar na cidade. Os dois blocos se encontraram no Alto da Lavra e desfilaram unidos pelas ruas da cidade. Surgindo assim uma relação duradoura. Posteriormente o Bloco Gato Preto veio a terminar devido ao fim do carnaval de rua na cidade de Prados por imposição do sacerdote local.
PRAZERES DAS MORENAS
Foi fundado pelo italiano Antônio Patrício, pintor residencial que gostava muito de fazer bailes. Suas cores eram vermelhas e brancas. As moças vestiam saia vermelha, blusa branca, na cintura uma faixa branca e na cabeça um boné branco; os rapazes vestiam camisa vermelha, calça branca, um casquete branco na cabeça e na cintura uma faixa branca. Sua alegoria era estandarte; tinha rainhas ou balizas do estandarte, sendo elas: Lourdes Silva Possa, hoje com 77 anos de idade; Maria da Conceição Silva, residente em Volta Redonda. Trajavam a seguinte roupa; vestido godê vermelho, com 3 carreiras de cadarço em baixo. Gola de marinheiro com gravatinha, cabelo diadema, calçava conga.
Tinha como sede, o Clube Gruta do Sapé (atual casa do Geraldo Motorista, Mutuca).
A rainha do bloco era Hortência de Sousa, que reside em Nova Lima e que trajava: vestido godê vermelho com muito prateado e na cabeça uma coroa.
A costureira era conhecida como Tíbia (Maria).
Os instrumentistas:
Violão – José Barbino (in memória)
Pandeiro – Fernandes (in memória)
Cavaquinho – José Turé (in memória)
Sanfona – Luis Dondoca (in memória)
Trombone – Joaquim Mineiro (Jacu) (in memória)
Vieram desfilar em Prados a pedido do pessoal do Gato Preto. Contavam ainda com cavaleiros enfeitados que ficavam em fila. A rainha veio em uma charrete da Prefeitura Municipal, guiada por Nelson Teixeira (in memória).
O Gato Preto foi ao seu encontro no alto da Lavra (trevo) e cantavam:
“Bem vindos os Pradenses
Benvindos encontrar com os Pinheirenses
Este bloco adorado é o Prazer das Morenas, que viemos encontrar
Numa noite serena, meu bem.
Agora meu bem,
Do meio-dia já passou pra uma hora
Mudança de horário.
O Prazer das Morenas, é dançar no carnaval,
Com alegria,
O Prazer das Morenas, é dançar no carnaval,
Noite e dia.
Loirinha, loirinha dos olhos verdes de cristal
Desta vez, em vez da moreninha, tu serás a rainha
Do meu carnaval.”
Saiam de Pinheiro Chagas às 17:00hs, davam volta na cidade. Havia também os Blocos Repentinos e Ranchos das Borboletas, integrados respectivamente por apenas meninos e meninas de Pinheiro Chagas.
BLOCO UNIÃO
Fundado por José Marques da Costa e João de Paula (in memória). As cores eram: azul-marinho e branco. As mulheres vestiam: vestido branco, blusa azul-marinho e uma cartola azul-marinho. Sua alegoria era um peixe grande, que vinha em cima de um caminhão no qual Joãozinho de Paulo (Barroso) vinha sentado na boca, em outro ano sua alegoria foi um pavão.
Sua sede, no 1º ano era na casa da Câmara, no 2º ano era no Patamar, no 3º e 4º ano, teve sede própria e casa da D. Glória (atual casa do Fabiano, Quebra Castanha).
Porta-estandarte: no 1º ano Dolores Sousa e Silva, que trajou, vestido braço (vestido de noiva de D. Alzira Gomes), sapato branco e um arranjo pequeno na cabeça.
Por volta de 1938 até início dos anos 60, por imposição do Padre Assis, (pároco da cidade), não houve carnaval de rua, mas haviam bailes internos que devido a frustração dos foliões, não eram muito animados. Acabando assim a primeira fase do Bloco Gato Preto.
Em 1962, houve um espetacular carnaval de rua, com bateria, 3 blocos, carros alegóricos, etc. A turma de estudantes em geral, formou um bloco para a ocasião com o nome de “Meia-Lua”. Bloco esse, que teve somente um carnaval de existência. Saiam com a batucada “Quebra-Tédio”, sob o comando do mestre de bateria Erardo. Tinham os homens, uniformizados de camisa branca e a calça preta e as meninas, blusa branca e saia azul-marinho. Tinha como comandante dos bailes no Pradense Clube, o animadíssimo João Tianinha, a figura mais ilustre do Carnaval Pradense.
Neste mesmo ano, surgiu uma certa rivalidade entre os estudantes de Prados que estudavam em outras cidades e os rapazes que permaneciam aqui, surgindo assim a “Turma da UCA”, que em 1962, se transformou no “Bloco da UCA” e, posteriormente, em 1964, ressurgiu o Bloco do Gato Preto.
Em 1964, surgiu o atual Bloco Gato Preto, ele surgiu de uma brincadeira de 10 rapazes e 01 moça que, durante o carnaval que ocorria no antigo Pradense Clube, iam para a oficina do Sr. Pedro Ladeira tomar tequila. Depois de algumas tantas desciam bastante animados rua afora com um estandarte onde ficava estampada a cara de um gato. O novo Bloco Gato Preto contou com a junção dos blocos Prazer das Morenas e União.
Com o surgimento do Gato Preto veio a maior rivalidade carnavalesca da região. Gato Preto e Uca disputam anualmente a preferência dos moradores e turistas. O desejo de cada agremiação em superar o outro engrandece o carnaval pradense e consequentemente quem veio a lucrar foi a cidade de Prados que passou a ter uns dos melhores carnavais do estado de Minas Gerais.
Os fundadores do Bloco Gato Preto foram: Bráulio Fernandes de Almeida, Dagoberton Ladeira (Beto), Sebastião Moura, Rosei Pinheiro, Zé Maria Moura, Antônio Moreira de Melo (Toninho do João da Emilia), Silvio Gomes (Silvinho), Nilson Ladeira e Roberto Franco (Tunda), Marco do Pavão e
Maurício do Goiaba e a precursora de grande participação feminina, sempre muito forte, no nosso bloco: a senhora Marília Assunção Nogueira.
Mais tarde com o fechamento do Pradense Clube, fundou-se o Clube Gato Preto o nome foi sugerido pelo Tianinha, cujo primeiro presidente foi o Sr. Roseni Pinheiro.
Para essa nova fase, na década de 60, muitos foram os colaboradores. Uma delas, e muito importante, era conhecida como o “guarda-roupa”, pois era ela quem providenciava as fantasias de todos, a Sra. Nilda Maria Tavares Gomes. Outra colaboradora especial era responsável pelas marchinhas e pelo primeiro hino do nosso querido Gato Preto. Ela fez adaptações do nosso folclore e depois com o colega Bráulio compôs o hino do Gato Preto. Quem não sabe cantar: “O Gato Preto, já vem chegando… ou então. Salve, salve o Gato Preto…”
Abaixo algumas das músicas do bloco Gato Preto:
“Salve, Salve o Gato Preto
Cair na brincadeira
Vou pular todos os dias
Vou cantando alegria
Vou parar na quarta-feira
Eu quero é confusão
No meio da rua, ou no salão
Que importa é me divertir
No Gato Preto, seja lá ou seja aqui.
Olé, Olé, Olá”
- “O Gato Preto, já vem chegando
Todos estão cantando, cheio de animação
Tem este bloco desta terra querida
Muitos anos de vida, já virou tradição
Lá, lá, lá,lá
Nossa bandeira pioneira
Emblema da vitória
Que trouxe glória e assim
Eu hei de vê-la sempre tremular
O Gato Preto é o meu bloco querido
Quero cantar comovido
Sempre tu, hás de vencer
Lá, lá, lá, lá.”
“Vejam que maravilha
Gato Preto de novo na avenida
Pintando o carnaval
De dourado, azul, branco e prateado.
Beleza e encanto
Cantamos nosso samba
A turma é bamba
Canta e dança
É o calor do Nordeste brasileiro
As baianas sambando o ano inteiro
E os índios lembrando
As raízes do povo brasileiro.”
Em 1968, os amigos gatopretanos acharam, então, que deveriam ter uma sede. É nesse momento que entram pessoas muito importantes que emprestaram o dinheiro para a compra da sede do Clube. Foram eles os senhores: Sebastião de Oliveira (Tãozinho), Sr. Vicente Franco, Sr. Paulino Possa e Sr. Miguel Muniz.
Por um tempo houve uma figura bem marcante no nosso bloco, era o “Sô Lobo”, se vestia de um Gato Preto e alegrava a todos, crianças e adultos. O bloco sempre desfilava apresentando sua rainha escolhida entre as folias.
O primeiro rei e rainha do bloco foram, Marcos Rodrigues Vale e Sônia Vale, e o segundo casal, Roseni Pinheiro e Selma Gomes, sendo a princesa, Nadir Ladeira Pinheiro.
Em 1971, o Bloco Gato Preto homenageou a Copa de 1970, a alegoria foi um carro alegórico com a taça July Rimet, representada por Célia Santo (Preta do Cate), tendo a frente o rei e a rainha, Mentil e Noranei, cercado pelos 11 jogadores representando a seleção brasileira. Este foi o ápice do bloco. A partir deste ano o bloco nunca mais foi o mesmo. Desde 1971 até os dias de hoje todos os anos são confeccionadas alegorias e adereços em torno de um tema previamente definido anualmente.
O bloco continua até hoje graças ao surgimento do Gatinho, o bloco mirim, que conta com sua própria bateria mirim, bateria esta que serve de escola para os futuros ritimistas da bateria principal, despertando nas crianças a paixão pelo Gato Preto. O Gatinho tem também como destaque a escolha anual de sua rainha e madrinha de bateria mirim.
No ano de 2000, o bloco Gato Preto passou por uma reestruturação, e passou a ser chamado de Grêmio Recreativo Escola de Samba Gato Preto. A partir deste ano o G.R.E.S. Gato Preto, passou a ser administrado e gerido por uma comissão formada por 13 pessoas que se responsabilizam durante o ano todo por organizar e colocar na avenida toda a magia do carnaval gatopretano.
Atualmente o G.R.E.S. Gato Preto, possui, aquela que é considerada por muitos, a melhor Bateria de Carnaval da região. E graças a este título e a fama adquirida a bateria do Gato Preto vem tocando em todas as cidades da região na véspera do carnaval. A bateria nota 10 como é conhecida já fez apresentações em Resende Costa, Capelinha, Ritápolis, Barbacena, São João del Rei, São Sebastião da Vitória, Conceição da Barra, Barroso, Coronel Xavier Chaves, entre outras.
Outro fato que valoriza e muito o carnaval pradense, é a riqueza com que as escolas desfilam na avenida. Essa disparidade entre os carnavais da região é tanto que foliões de todas as cidades da região vêem até Prados na véspera do carnaval como intuito de alugarem fantasias para servirem de destaque nos carnavais de suas cidades, o Gato Preto também se destaca, pela escolha anual de suas rainhas e madrinhas. Suas fantasias tem como cores básicas o azul e o branco.
Abaixo contém algumas fotos que representam bem o brilho e a magia que o G.R.E.S. Gato Preto apresentam na avenida e a grande importância que este possui no cenário cultural pradense.
Paralelo a história do Gato Preto junto ao carnaval e a cultura pradense, das festas na sede, o Gato Preto se enveredou por outra paixão nacional, o futebol.
Os primeiros registros do time são da década de 80, na disputa da Taça Cidade de Prados. Entre idas e vindas, o time se mantém imponente e competitivo ao longo dessas cerca de 4 décadas, sendo inclusive o atual Campeão Pradense, aliás, TETRA CAMPEÃO (1987, 1990, 2010, 2023) com o título conquistado no fim de 2023, fruto de um ambicioso projeto em andamento, o qual envolve futebol e política sociais junto aos jovens.
Além do time principal, o Gato Preto hoje conta com equipes juvenis masculino e feminino, veteranos que disputam campeonatos na região, além de ter suas cores representadas como parceiro em um projeto de vôlei. Com seriedade e respeito, acreditamos que o papel da agremiação vai muito além de divertir, e através do esporte há a possibilidade real de contribuir com a formação de cidadãos responsáveis em nossa comunidade.
Em 1968, nasceu o sonho de uma sede própria, sua construção foi viabilizada com a ajuda de parceiros, como explicamos no texto sobre nossa história. A inauguração foi em 1969.
O belo casarão que fica em endereço privilegiado no centro da cidade, guarda em sua memória grandes bailes de carnaval, eventos cívicos para os sócios, além de ter sido uma badalada danceteria no fim dos anos 90e início dos anos 2000.
Após um bom tempo fechado, o casarão está em fase final de reforma, conseguida com ajuda do poder público. Em contrapartida, tem sido utilizado para projetos sociais.
Mas é claro, esse imóvel tem vocação para festa, e após muita luta da nossa diretoria, estamos com tudo regularizado, reformado, e pronto para receber pessoas felizes. Nossa sede está liberada para eventos, e o primeiro foi no Sábado de Aleluia 2024.